DEPOIMENTOS E COMENTÁRIOS



Foto da casa que serviu de atelier para o mestre na década de 60, em Porto União-SC.
                                                                                                                      (casa do meio)

Foi nessa casa que tive aulas com o mestre e o vi pintando seus quadros.

Schuwaloff esticava meticulosamente uma tela sobre o chassi de madeira, prendia o pano na madeira com preguinhos de sapateiro, depois estendia sobre o pano um fundo branco, composto de branco de zinco, óleo de linhaça, terebintina e secante, com um pincel largo, e punha a tela para secar ao sol. Pronta e seca a tela, o mestre colocava-a no cavalete, mirava-a profundamente e atacava o tema escolhido, com largas pinceladas. Aos poucos iam aparecendo as nuvens no céu, as montanhas típicas da região, as casinhas dos caboclos ribeirinhos, as curvas majestosas do Iguaçu, os pinheiros frondosos e elegantes, as estradinhas, o verde das matas, uma profusão de cores que só ele sabia dominar, e enquanto pintava, conversava comigo e ia passando sua técnica, simples mas eficiente: "Aqui você tem que pôr uma 'veladura' pa afastar aquele morro.. aqui vou pintar uma árvore pra dar equilíbrio deste lado... "E a tarde passava como num passe de mágica, com aquele encanto que só a Arte pode transmitir. Bons tempos aqueles, em que os pintores pintavam por puro prazer e não perdiam tempo discutindo a arte... Afinal, a Arte é muito mais produto do coração do que do cérebro, mas isso já é outra história...
Thelmo Olisar Silveira

MEU DEPOIMENTO SOBRE O MESTRE EUGÊNIO SCHUWALOFF


Schuwaloff era um paisagista incomparável. Pintava pinheiros e cenas ribeirinhas do rio Iguaçu de forma inconfundível. Pintou também quadros bíblicos, sob encomenda, e magníficas paisagens de memória da "querida Rússia", como dizia nas suas crises de melancolia e saudades da terra natal. Teve poucos alunos, entre os quais me incluo, mas o pintor catarinense Amadeu Bona é o nome que mais se destaca entre todos.
Schuwaloff incentivou muitos artistas amadores, tinha gênio forte e expunha seu pensamento com franqueza e sem temor. Foi esquecido pelo meio artístico paranaense e catarinense, talvez por ser meio avesso ã mídia e por não frequentar os salões e as "badalações". Sobreviveu à custa de sua arte, o que neste país é quase um milagre. Esse artista de valor inquestionável, merecia melhor destaque na arte nacional. Estudei com o mestre cerca de 2 meses, no seu pequeno atelier, em Porto União. Não gostava de dar aulas, só concordou em me ensinar após ver alguns pequenos trabalhos que eu havia pintado em casa, sem técnica nenhuma. Na época eu tinha apenas 13 anos e muita vontade de pintar como ele. O seu método de ensino não era nem pedagógico nem democrático. O aluno se limitava a observar o mestre preparando os quadros e pintando. Mas aprendi muito observando e conversando com mestre Schuwaloff. Enquanto pincelava a tela, com uma agilidade e uma segurança de fazer inveja, ia explicando os passos da sua técnica. Não pude continuar as aulas porque meu pai, que era militar, foi transferido para Minas gerais. Lá, vim a saber de seu falecimento. Schuwaloff, um dia, ainda terá o reconhecimento que merece.
Salve o grande Mestre Eugênio Schuwaloff!

Thelmo Olisar Silveira É  professor, arte-educador, ilustrador,  artista plástico e criador deste blog em homenagem ao Mestre.




ENTREVISTANDO A ARTE (livro de arte fala sobre o mestre Schuwaloff)
Milho no Monjolo – 542 (Odilon Muncinelli – Membro da ALVI)

24 Ago 2009 - Por Odilon Muncineli

ENTREVISTANDO A ARTE – Já está concluído o “boneco” do magnífico livro “Entrevistando a Arte”, da professora Ivanira Tereza Dias Olbertz. Em 1.187 páginas a autora reúne aproximadamente 200 artistas e uma parcela das suas obras. De início, a autora presta uma homenagem a José Kretschek, “O Mecenas das Artes”. Em seguida, faz a Apresentação do livro. O Prefácio é da pintora Helga Beate Will Clementino da Silva. Mais adiante, a autora faz o elogio “Quem é Therezinha Leony Wolff”? Depois, a obra se desenvolve em diversos tópicos, a saber: 1. Homenagem Póstuma. 2. Homenageados (in memoriam), destacando Amadeu Bona, Erich Herbert Will, Eugênio Schuwaloff e Maurizio Silenzi. 3. Destaque Especial. 4. Convidados Especiais. 5. Artista Revelação. 6. Artistas Falecidos. 7. Artistas Residentes em Porto União e União da Vitória. 8. Artistas Não Residentes em Porto União e União da Vitória. 9. Participação Especial, destacando Pedro Girardello Neto, Renato Ruschel, Lauro Antonio Benazzi (bico de pena), Rugart Bernardo Dickel (pirogravura) e Ivahy Detlev Will (xilogravura) e outros. 10. Participação Especial. Enfim, a obra registra, com entrevistas e telas, praticamente, a grande maioria dos artistas do pincel e das tintas que por aqui passaram, entre os nativos da Beira do Iguaçu e os adotivos. Brevemente, essa obra magnífica e inédita será publicada.